DO TEMPO DO IMPÉRIO
Ilustração de Jô Oliveira
O senhor feudal do Fechado
Estrepolias de José Antônio Uchoa, o
célebre ZÉ ANTÔNIO DO FECHADO nas eleições do século XIX. Filho de um líder do
Partido Conservador, bravo e destemido, ele interferiu, com seus asseclas, em eleições
de diversos municípios, ainda no tempo da Monarquia. Os jornais da época trazem
relatos de suas estrepolias em Canindé, Coité (Aratuba), Pentecoste (onde quis
matar o padre Leitão), Mulungu e outros municípios do Maciço de Baturité e da
Bacia do Curu. José Antônio de Sousa Uchôa nasceu em Canindé, em 1824 e faleceu
na Fazenda Lagoa das Pedras, no dia 21/06/1918, também em Canindé. Foi
absolvido dos crimes que lhe eram imputados depois de pedir perdão ao próprio
Imperador Dom Pedro II, conforme atestam os versos de cantadores da época.
A seguir, trecho da crônica de
GUSTAVO BARROSO intitulada "O SENHOR FEUDAL DO FECHADO"
"Seu pai, o capitão José Bernardo de Sousa Uchoa, antigo
presidente do Senado da Câmara, proprietário da fazenda do Fechado, era um dos
homens mais influentes da localidade. Representante legítimo por sua posição,
educação e tendência do antigo patriarcalismo feudal que informou a vida
pastoril nordestina e degenerou, mais tarde, no coronelismo, lutava pelo
domínio da política municipal e, naturalmente, se tinha muitos amigos, também
fizera inimigos. Entre estes, o maior era o tenente-coronel Manuel Mendes da
Cruz Guimarães. No sertão, o ódio dos pais passa para os filhos e as famílias
se empenham em lutas renhidas, que se propagam através das gerações como na
Itália medieval."
Um bom assunto para o CARIRI CANGAÇO, não acham?
VER O TEXTO COMPLETO NESSE LINK:
ZÉ ANTÔNIO NA CRÔNICA
DOS CANTADORES
VIOLEIROS DO NORTE, sétima edição.
Apresentamos agora, trecho da peleja
dos cantadores Manoel Clementino com José Patrício, publicada em ‘Violeiros do
Norte’, de 1925, premiado pela Academia Brasileira de Letras em 1926. A primeira
edição da obra foi pela Cia. Graphico Editora Monteiro Lobato, com 311 páginas.
Antiga obra de poesia e linguagem do sertão nordestino. Vejamos o trecho da ‘peleja’
que se refere a ZÉ ANTONIO DO FECHADO:
Patrício:
- Deus no 5º mandamento,
Manda a gente não matar!
Quem ofende a Lei de Deus
Muito mal tem de acabar,
Porque quem com ferro fere
Ferido também será.
Clementino:
Só se esconde o valentão
Que vive com o pé na lama,
José Antônio do Fechado
Morreu em cima da cama,
Brigou, matou muita gente,
Morreu, mas ficou a fama.
P – Zé Antônio quando morreu,
A palácio tinha ido
E lá sua Majestade
Já o tinha absolvido,
Porque ele, dos seus crimes,
O perdão tinha pedido.
C – Conheci José Antônio
Na Vila, sendo eleitor,
Capitão, Juiz de Paz,
Fiscal e Vereador...
Pior: em setenta e sete
Houve um padre matador.
(...)
Essa peleja de Manoel Clementino Leite com José Patrício de Siqueira Patriota encontra-se reproduzida integralmente, com pequenas variantes, no livro CANGACEIROS DO NORDESTE, de Pedro Baptista (genro de Leandro Gomes de Barros). A primeira edição do livro de Pedro Baptista data de 1929.
Essa peleja de Manoel Clementino Leite com José Patrício de Siqueira Patriota encontra-se reproduzida integralmente, com pequenas variantes, no livro CANGACEIROS DO NORDESTE, de Pedro Baptista (genro de Leandro Gomes de Barros). A primeira edição do livro de Pedro Baptista data de 1929.
História de José
Antônio do Fechado
Autor: João de Barros
(Fortaleza-CE)
(TRECHOS)
Meu leitor
preste atenção
No que agora
vou contar
De um homem
revoltado
Que morava
n’um lugar
Onde a
polícia e o exército
Tentaram o
aprisionar.
Era uma bela
fazenda
De um homem
muito honrado
Sisudo e
trabalhador,
Por todos
muito acatado
Em vista das
qualidades
De
fazendeiro abastado.
Vivia elle
feliz
Nesse
esquisito lugar,
Tratando só
de seus filhos
Ensinando-os
a trabalhar
Sempre
providenciando
Para nada
lhe faltar.
Um dia dera
uma surra
Em um cabra
malcriado
Que por
questões de somenos
Era um
sujeito malvado
Criou um
ódio mortal
A Zé Antônio
do Fechado.
Pesquisa: Arievaldo Vianna
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