quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

BONITO PRA CHOVER






Profetas da chuva em Quixadá-CE

“Profeta das Chuvas” ignora meteorologia e afirma que 2019 será de muita chuva

O profeta das chuvas do município de Conceição, no Vale do Piancó, o agricultor Pedro Pina, 88 anos não concorda com a previsão do meteorologista Rodrigo Limeira, onde afirmou nessa Terça-feira (25), que a La Niña acabou e a tendência para 2019 é o Pacífico Central normal ou a volta do El Niño, ou seja, um ano de poucas chuvas.

Ao repórter F.diassis da Rádio Conceição FM da cidade de Conceição, que voltou ao plantio do idoso que insiste em manter sua roça, ele disse que 2019 será igual a este ano, com registros de chuvas acima da média em muitas regiões do Sertão da Paraíba.
“Vai ser igual a este ano porque Deus está no céu e vai mandar chuva”, profetizou Seu Pedro.

F. Diassis visitou o plantio do agricultor em três ciclos: quando a plantação de milho estava nascida, quando o milho estava verde e agora na colheita do milho seco.


Fonte: Diário do Sertão


O que dizem os profetas 

de QUIXADÁ-CE?

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

RACHEL E LIRA NETO


A mais doce das reacionárias
O escritor e biógrafo Lira Neto relembra entrevista 

de 1992 com Rachel de Queiroz



Ainda jovem repórter, Lira Neto reconta o encontro com Rachel de Queiroz em 1992

Eu começara a trabalhar no jornal havia dois anos. Naquela manhã, recebera a pauta, de meu editor Ricardo Jorge, com um misto de euforia e apreensão. Havia sido escalado para entrevistar Rachel de Queiroz, então prestes a lançar o que viria a ser seu último romance. O entusiasmo só não era maior do que a consciência da responsabilidade.

Para mim, Rachel era entidade quase mítica. Lera seus livros desde os tempos de menino. Alguns por exigência escolar, outros, por opção de jovem leitor que cedo mergulhara nos mistérios da literatura. Primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras, dona de vasta obra, Rachel também me chamava a atenção pelas posições políticas, historicamente oscilantes entre o comunismo inicial e o posterior apoio ao governo ditatorial pós-64.

Dividido entre a excitação de repórter novato e a gravidade do encargo, fui ao seu encontro, companhado de Fernando Sá, fotógrafo que compunha a extraordinária equipe do Vida&Arte. Ela nos recebeu em um apartamento na Praia do Futuro. Trajava vestido azul-claro de bolinhas brancas e usava colar de pérolas pequeninas, combinação que adotara quase como marca registrada. Ofereceu-nos café, tapioca e bolo de laranja.

Saí da conversa encantado com Rachel. Ao invés do monstro sagrado da literatura, conheci uma mulher acessível, bem-humorada, sarcástica consigo mesmo. Embora, na ocasião, tenha se definido como incorrigível "anarquista", passei a tratá-la como "a mais doce das reacionárias".

Até hoje guardo a foto daquele encontro. Rachel se foi. Minha barba ficou grisalha, meus cabelos rarearam. Mas, duas décadas e meia depois, suas palavras relativas ao Brasil da época revestem-se de incômoda atualidade. "Sou uma pessoa pessimista e nunca espero pelo melhor", disse-me.

Eu também, Rachel, eu também.
Lira Neto foi jornalista do Vida&Arte e é autor de livros, como Getúlio e Uma história do samba.

FONTE VIDA & ARTE – O POVO (05/11/2018)

LEIA TAMBÉM: https://www.opovo.com.br/jornal/vidaearte/2018/11/rachel-e-lira-um-encontro.html


quarta-feira, 29 de agosto de 2018

TALENTO CEARENSE



Imagem dos "Tribalistas" Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brow, pintada por Júlio Santos.

Você já deve ter se deparado, em alguma residência sertaneja, com essas fotografias coloridas a mão, verdadeiras obras de arte. Antigamente o processo era totalmente artesanal e demandava muita paciência e sensibilidade. Hoje em dia, alguns restauradores já utilizam programas de computador na reconstituição de imagens.

 Vamos conhecer agora um mestre desse ofício, o cearense JÚLIO SANTOS:


JÚLIO SANTOS, O MESTRE DA FOTOPINTURA

Júlio Santos é também Mestre Júlio, senhor que desde os doze anos de idade faz fotopintura. Ele queria ser monge, mas acabou mesmo virando um monge da fotopintura.
Ao longo desses anos, Mestre Júlio se reinventou e hoje segue fazendo belos retratos, mas agora usando as ferramentas digitais.
Algumas de suas obras fizeram muito sucesso em São Paulo, na exposição Retrato Popular, realizada pelo Sesc Belenzinho. 
O mestre nasceu e criou-se em Fortaleza, onde mantém o Áureo Stúdio. Foi lá que tudo começou décadas atrás.





CLIQUE AQUI: https://www.youtube.com/watch?v=DLA1CzUB3Fc




QUEM É MESTRE JÚLIO


Mestre Júlio Santos

Nasceu em 1944 em Fortaleza, onde vive e trabalha. Foi na Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP), que reunia artistas como Aldemir Martins, Mario Barata e Estrigas, além de seu próprio pai, Didi, que Julio Santos começou a trabalhar, aos 12 anos. No início da década de 70, contribuiu para a reativação do Foto Paris, importante ateliê de fotopintura e estúdio fotográfico em Fortaleza. Em seguida, juntou-se a seu irmão Joaquim e a Antenor Medeiros (parceiro de seu pai Didi na fundação do Áureo Studio) para recuperar a sua oficina, formando a própria equipe de profissionais com garotos de rua.
Poucos são os estúdios que ainda trabalham com retoque e restauro, como o Áureo Studio de Mestre Julio. Para superar as limitações técnicas, ele se atualizou aprendendo a trabalhar com programas digitais de reprodução e tratamento da imagem, ao lado de sua filha Rebeca.
Julio Santos já expôs seu trabalho no exterior, como nas mostras coletivas Europália (Bruxelas, 2011); em Santo Domingo, na República Dominicana (2012), e em Montevidéu (2012), no Centro de Fotografia. Além de ter participado de outras mostras individuais, como na Choque Cultural, por ocasião do lançamento de seu livro, resultado do edital da FUNARTE, em 2010; e na Pinacoteca do Estado em 2012, com a mostra Interior Profundo.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

EM CARIDADE-CE



Estátua de Santo Antônio será a maior do País

A estátua inacabada será transformada em memorial e a sua cabeça, distante 3Km, em museu Caridade.

Por Alex Pimentel (Colaborador do DN)

Passadas quase quatro décadas, os devotos de Santo Antônio, na religiosa cidade de Caridade, situada a pouco mais de 70 quilômetros de Fortaleza, no Sertão Central, não vão mais perder a cabeça por causa do seu maior monumento. Uma nova estátua será erguida no lugar, dos pés à cabeça.
Desde 1980 a expectativa dos moradores, principalmente dos mais religiosos, era poderem olhar nos olhos do padroeiro de 30 metros de altura moldado em concreto, erguido no topo do Serrote Cágado, para lhe pedirem a bênção. Entretanto, o tempo foi passando e a obra não foi concluída na "terra do santo sem cabeça", como ficou conhecida.
Agora, a história será outra. A Prefeitura de Caridade confirmou a construção da nova estátua, dessa vez acompanhada de um complexo religioso, turístico e comercial, o Santuário de Santo Antônio. O projeto foi aprovado e o investimento inicial, de R$ 1 milhão, de um total de R$ 3 milhões, já foi liberado por meio da Secretaria Estadual das Cidades (Scidades).

Obras

As obras deverão iniciar nos próximos meses, informou a prefeita Amanda Lopes. Além de atender aos anseios dos devotos, o projeto vai incrementar a economia do Município, acrescentou satisfeita, ressaltado ser uma iniciativa de muitas mãos, principalmente do ex-prefeito Júnior Tavares com a sua esposa Simone Tavares.
No projeto, além da estátua com quase 35 metros de altura, tendo acesso em lances de escada, com 516 degraus, dois elevadores também darão acesso até os ombros da estrutura, transformados em um mirante. No total, terá mais de 40 metros.

Fonte: CADERNO REGIONAL, DIÁRIO DO NORDESTE

VER MATÉRIA COMPLETA NESTE LINK:


quinta-feira, 23 de agosto de 2018

VIOLAS AO LUAR DO SERTÃO



SEGUNDA NOITE DE VIOLA NO SERTÃO DE CANINDÉ

A noite da próxima sexta-feira, 24/08, não será apenas uma noite atraente de luar no sertão. Será também uma noite de animada cantoria de viola com os grandes poetas repentistas Geraldo Amâncio e Antônio Jocélio. É o que promete o promotor do evento, Higino Luís Barros de Mesquita, proprietário da fazenda Riacho do Facão, interior de Canindé, Ceará.
É a segunda grande cantoria que Higino Luís patrocina e convida o público em geral para prestigiar a famosa dupla de violeiros. Antes da apresentação dos cantadores, será feito o lançamento do livro "No tempo da lamparina - Memórias de um menino sertanejo", de autoria do escritor e cordelista cearense Arievaldo Vianna.
O anfitrião do evento avisa que a cantoria será no estilo “pé de parede”, como antigamente, com direito a bandeja para coleta dos cantadores, e também a sugestões de motes e pedidos de temas de viola pela plateia. Sintonizado continuamente com o sertão, seus costumes e tradições, Higino Luís mantém-se fiel às suas origens e é um dos maiores entusiastas da cultura popular regional.
O acesso à fazenda Riacho do Facão é feito pela BR-020, sentido Canindé-Boa Viagem. Na localidade de Santa Clara, tem início a estrada vicinal que leva até à fazenda.
Em versos, o poeta Pedro Paulo Paulino também reforça o convite:

Em 24 de agosto,
No Riacho do Facão,
Será grande a cantoria,
Muito improviso e canção,
Com dois grandes cantadores!
Convidamos os senhores
Para essa honrosa atração.

A dupla Antonio Jocélio,
Geraldo Amancio Pereira,
Dois poetas inspirados,
Repentistas de primeira,
A tradição recomenda,
Pois no pátio da fazenda
Vão cantar a noite inteira.

Higino Luiz Mesquita,
“Cabôco” bom do sertão,
É quem faz esse convite,
Com muita satisfação:
Um casal bem nordestino,
Dona Edileuza e Higino,
Será nosso anfitrião.

É este o segundo evento
Nessa fazenda afamada,
Onde a paz e a alegria
Fizeram sua morada.
Dizer isso, nem precisa,
No entanto, Higino avisa
Que lá não se paga nada.

Assim sendo, anote aí
Essa grande cantoria,
Uma noite de luar,
De viola e poesia.
Eu mesmo não vou perder,
Chego quando anoitecer
E só volto no outro dia.


Texto e versos: Pedro Paulo Paulino

* * *

Fonte: www.acordacordel.blogspot.com

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

DIA DO FOLCLORE


Dia do Folclore - Ilustração: Arievaldo Vianna (Direitos Reservados)

22 de agosto, dia do FOLCLORE BRASILEIRO

O Folclore Brasileiro é o conjunto de expressões culturais populares que englobam aspectos da identidade nacional.

São exemplos mitos, lendas, brincadeiras, danças, festas, comidas típicas e demais costumes que são transmitidos de geração para geração.

O folclore brasileiro é bem diversificado e conta com atributos das culturas portuguesa, africana e indígena.

FONTE: https://www.todamateria.com.br/folclore-brasileiro/

Apesar dessa riqueza, o folclore só começa a figurar nas narrativas oficiais a partir do século XIX.

Com Mário de Andrade e a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), o folclore ganha um aspecto mais acadêmico.

Principais Lendas Brasileiras

Segue abaixo os principais personagens das lendas folclóricas brasileiras:

Iara


Iara, também conhecida como Mãe D'Água, é uma sereia, ou seja, possui o torso de mulher e cauda de peixe. Tal qual em outras lendas de sereias, é muito bela e seu canto atrai os homens afim de assassiná-los.

Curupira


O Curupira é um protetor implacável da fauna e da flora que persegue e mata todos que a agridem. Surge na forma de um menino de cabelo vermelho e com os pés virados para trás.

Mula sem cabeça


A mula sem cabeça é uma mulher que foi amaldiçoada após ter um romance com um padre. Como consequência, foi transformada num quadrúpede acéfalo que galopa soltando fogo.

Lobisomem


O Lobisomem é um homem que após ter sido mordido por um lobo se transforma nesse animal a cada noite de lua cheia.

Boitatá


O Boitatá representa uma cobra de fogo, considerada a guardiã da fauna e da flora, implacável na caça daqueles que desrespeitam a natureza.

Boto


Boto Cor-de-rosa - Ilustração ARIEVALDO VIANNA
(Direitos Reservados)



O Boto ou boto cor-de-rosa é um dos personagens folclóricos que emerge dos rios na forma de um jovem bonito. Seu objetivo é seduzir as mulheres para engravidá-las.

Saci-pererê


SACI - Ilustração: Arievaldo Vianna

O Saci-pererê está sempre com seu cachimbo e com um gorro vermelho. Surge como um menino negro que possui apenas uma perna e apronta traquinagens.

SAIBA MAIS: http://acordacordel.blogspot.com/2014/08/dia-do-folclore.html

VEJA TAMBÉM: http://acordacordel.blogspot.com/2012/04/lendas-brasileiras-em-cordel.html

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

MEMÓRIA DO CANGAÇO


O HOMEM QUE FOTOGRAFOU O BANDO DE LAMPIÃO

Com registros do fotógrafo sírio Benjamin Abrahão Calil Botto (1901 – 1938), a Brasiliana Fotográfica lembra Lampião, Virgolino Ferreira da Silva (c. 1898 – 1938), o rei do cangaço, e seu bando. A iconografia produzida por Benjamin – registros fotográficos e filme – não é a única sobre o cangaço, mas por sua extensão contribuiu enormemente para o conhecimento da história dos cangaceiros no Brasil. É uma comprovação visual da marcante estética dos bandoleiros da caatinga e os trouxe para os jornais e à imaginação popular. Logo os personagens do cangaço passaram a protagonizar lendas do sertão, canções e cordéis populares e, apesar de sua violência, Lampião tornou-se, para muitos, uma espécie de mártir dos oprimidos. As notícias chamavam atenção ou para a crueldade dos cangaceiros ou a sua bravura. 

VER POSTAGEM COMPLETA NESTE LINK: http://brasilianafotografica.bn.br/?p=9527


Corisco e Dadá


O fotógrafo libanês Benjamin Abraão Khalil Botto



Lampião e Maria Bonita, com Benjamim Abraão


O bando de Lampião

FEIRA DO CORDEL



A arte e o pensamento 
do cordel
A terceira edição da Feira do Cordel Brasileiro acontece de hoje (16) a domingo (19), na Caixa Cultural


Por Felipe Gurgel - Repórter

A partir desta quinta (16), até domingo (19), a Caixa Cultural Fortaleza (Praia de Iracema) recebe a terceira edição da Feira do Cordel Brasileiro. Durante os quatro dias de programação, o evento traz um recorte da tradicional cultura cordelista, através de shows, recitais, palestras, lançamentos literários, além da exposição de obras raras e venda de folhetos de cordel, livros, camisetas e CDs.

Às 14h desta quinta, a solenidade de abertura reunirá, no Teatro da Caixa Cultural, mestres do cordel e da cantoria, com a apresentação "A Saga de um vaqueiro", da Escola José Antão de Alencar Neto (Pio IX/PI). Segundo o cordelista Klévisson Viana, organizador do evento, a programação deste ano, em relação às edições anteriores, está mais encorpada.

Klévisson cita a experiência da Praça do Cordel, dentro da programação da Bienal Internacional do Livro do Ceará, como um evento correlato da Feira do Cordel Brasileiro. "A cada edição, a programação fica mais complexa e mais rica. A gente está primando muito pelo lado científico, com grandes palestras. Procurando cada vez mais melhorar o nível das palestras, das oficinas. Logo de cara, no dia da abertura, termos a palestra do Bráulio Tavares/RJ ("Imagens da Ficção Científica no Cordel", às 15h)", destaca o cordelista.

O organizador reforça que Bráulio é um dos maiores pensadores da cultura popular no Brasil hoje, "e ainda é um excelente cordelista", acrescenta. Ainda no primeiro dia de programação, ele cita shows como o de Beto Brito (PB), Mestre Gereba Barreto (BA), além dos locais Mestre Geraldo Amâncio Pereira e o jovem cantador Guilherme Nobre, uma revelação de apenas 17 anos.

Adaptação

Klévisson Viana observa que, embora envolva uma forma bem tradicional de expressão artística, a literatura de cordel é viva e dinâmica, no sentido de se atualizar em relação à cultura contemporânea e aos espaços ocupados por novos e experientes cordelistas.

"Basta lembrar que, 15 anos atrás, quando a internet estava engatinhando por aqui, as pessoas achavam que ela ia massacrar as tradições. Mas deu foi mais voz, amplificou. Hoje é quase impossível você encontrar um cordelista que não tenha uma página para divulgar suas obras. E isso se deu também a partir do momento que o cordel passou a ocupar as bienais (literárias)", situa o cordelista.

Ele credita à consolidação da Praça do Cordel, na Bienal cearense, a abertura de portas para que o gênero ganhasse espaço em bienais de outros estados. Klévisson defende que o evento cearense é um dos mais diversos, no que diz respeito à divulgação da literatura, em todo o Brasil.

"A nossa Bienal, em termos de programação, é a mais rica. Em SP, a tônica é o comércio. Aqui também tem o comércio, mas a programação é muito mais diversa, uma infinidade de palestras, oficinas, todos os gêneros são contemplados", elogia. "Nossa Bienal é muito bem pensada, e está um passo à frente, mas isso não desmerece as outras", pondera, reforçando como a Praça do Cordel foi um dos gatilhos para que a Feira do Cordel Brasileiro aconteça.



Cenário

A Feira do Cordel Brasileiro nasce de um projeto formulado pela Associação de Escritores, Trovadores e Folheteiros do Estado do Ceará (Aestrofe). Presidente da entidade, Klévisson situa que hoje o Ceará tem o maior número de poetas cordelistas em atividade. Ele considera Fortaleza, na atualidade, a "meca" da literatura de cordel.

"Por baixo, a gente tem uns 15 poetas que acontecem nacionalmente e que publicam em grandes editoras literárias (como a Leya, Hedra). Gente como o Rouxinol do Rinaré, Geraldo Amâncio Pereira, Francisco Paiva Neves", cita, entre outros poetas.

O organizador observa como a literatura de cordel é um gênero mestiço, de origem ibérica, e que se ampliou no Nordeste do Brasil, embora se encontre cordelistas em todas as regiões do País. "É um suporte que pode agregar e falar sobre qualquer tema. Com a característica de que é rimado e metrificado. Por essa razão, creio que a poesia que tem mais leitores hoje é a literatura de cordel", vislumbra.

Simplicidade

Klévisson conta que, visitando países como o México, percebe a procura dos leitores por folhetos de cordel, interessados no formato prático dos livros e no aprendizado do português falado no Brasil.

Ele destaca ainda como a produção é acessível aos leitores. Tanto no preço (há folhetos que custam R$ 1, R$ 2), como na linguagem de fácil compreensão.

"Em toda a América Latina, você vai encontrar literatura popular. No Chile, em Cuba, em todo lugar. A lira chilena é muito parecida com o cordel brasileiro, até na maneira de imprimir, com folhetos similares", compara.

Programação
Quinta (16)

Teatro

14h - Solenidade de abertura com mestres do cordel e da cantoria. Apresentação "A Saga de um vaqueiro"/ Escola José Antão de Alencar Neto (Pio IX/PI)

15h - Aula-espetáculo "Imagens da Ficção Científica no Cordel" com o escritor, compositor e pesquisador Braulio Tavares (RJ)

Café Luiz Gonzaga

16h40 - Lançamento do livro "No tempo que os bichos estudavam", de Paulo de Tarso, o poeta de Tauá (Fortaleza/CE)

Palco Leandro Gomes de Barros

17h - Recital com Raul Poeta (Juazeiro do Norte/CE), Rafael Brito (Fortaleza/CE), Pedro Paulo Paulino (Canindé/CE) e Jota Batista (Canindé/CE)

18h - Show interativo de voz e violão "Cante lá que eu toco cá" com o Mestre Gereba Barreto (Salvador/BA)

19h - Cantoria com o Mestre Geraldo Amâncio Pereira (Fortaleza/CE) e Guilherme Nobre (Fortaleza/CE).

19h50 - Recital com o mestre Chico Pedrosa (Olinda/PE)

20h20 - Show com o rabequeiro e cordelista Beto Brito e Banda (João Pessoa /PB)

Mais informações:
III Feira do Cordel Brasileiro. De quinta (16) a domingo (19), na Caixa Cultural Fortaleza (Av. Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema). Acesso gratuito. Contato: (85) 3453.2770.

Fonte: CADERNO 3 – Diário do Nordeste.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

DOIS PONTOS DE VISTA



A família Queiróz em foto de 1920

Apresentamos a seguir, duas visões bem distintas sobre a antiga FAZENDA CALIFÓRNIA, antigo "condado" da família da escritora Rachel de Queiróz, transformada em assentamento pelo INCRA e hoje um distrito de Quixadá.




"A Fazenda Califórnia", crônica de Rachel de Queiroz
(Transcrita da revista Globo Rural)

A Fazenda Califórnia era “um condado”, conforme se dizia pelo sertão em redor. Foi nos começos da era de 1850 que o velho Miguel Francisco de Queiroz, meu tio-bisavô, senhor de muitas terras entre o Sitiá e o Choró, no Quixadá, resolveu diversificar da sua criação de gado crioulo, o chamado pé-duro. Afinal, era dono de uma boa data das famosas croas de aluvião, na ribeira do Choró: assim, a umas 500 braças da barranca do rio, situou fazenda nova, disposto a tentar a sorte na folha da cana.

Quem decidiu o local da sede foi o açude, alimentado por dois grandes riachos. A barragem se levantou pela mão dos negros – terra puxada em couro de boi, aguada, batida a malho. O grande prato d´água ainda lá está hoje, serenando.

Em terreno plano, o cavaleiro do vale do sangradouro, alisou-se uma esplanada, levantou-se a capela. E, fechando os três lados ao redor da igrejinha, “a rua”, composta numa das faces pela morada do sinhô e, por trás e defronte à igreja, as casas de agregados, o vaqueiro, a professora. Adiante, no caminho da Croa Grande, o cemitério.

Houve inveja e falatório diante do arrojo inovador de Miguel Francisco. Era o tempo da descoberta das célebres minas de ouro da Califórnia, nos Estados Unidos, e até no sertão se falava e se sonhava com aquelas riquezas. Um primo e rival mandou recado irônico: como ia seu Miguel com a sua Califórnia? O velho riu, gostou do nome, e assim a fazenda se batizou por “São Francisco da Califórnia”. Na capela inaugurou-se a imagem do orago, um São Francisco de talha primitiva e forte; que hoje, aliás, está na capela do cemitério, onde o refugiamos para salvar da fúria airada de um vigário alemão que pretendia incinerar “aquela feiura barroca” e o substituiu por um santo de gesso, loiro, rosado, coberto de dourados.

Meu tio Miguel não tinha filhos: deixou tudo que era seu para meu avô, o dr. Arcelino; e nas mãos do novo dono a Califórnia virou realmente um condado. Mudou-se a casa-grande (que, no sertão, nós chamamos simplesmente “a fazenda”) para o outro cabeço, do lado de lá do sangradouro. Imensa, rodeada por fundos alpendres de 3 metros, 57 portas e janelas, salas e salões, quartos e alcovas onde se podem armar 120 redes. Nas festas do centenário, lá se hospedaram 125 pessoas. Por trás da “fazenda”, o vale profundo do sítio, o cano de irrigação partindo do açude, as valetas regando em sucessão primeiro a famosa horta de minha avó, depois o pomar onde se cultivavam até fruta-pão e jambo, até uvas. Além do pomar, o vale se alargava mais, e era o canavial.

Entre a “fazenda” e o açude, a “fábrica”: o engenho a vapor, os tachos de apurar a garapa, o locomóvel que apitava como um trem, o alambique, os paióis de rapadura e, por fim, em plano mais baixo, no escuro, deitando um cheiro forte que tonteava, a adega onde dormiam os tonéis de cachaça.

Pena grande foi meu avô morrer cedo, deixando a viúva com dez filhos. Mas, mesmo em mão de viúva, a fazenda não decaiu. Ao contrário, parecia mais viva, com a presença frequente dos filhos, genros, noras e nós, as dezenas de netos. Dos sete filhos, cinco tiraram grau de doutor, o sexto fez seminário até o último ano, só o caçula não se formou. Concluídos os preparatórios, foi ele o escolhido para morar com a mãe e tomar conta da Califórnia. Só depois que ela morreu é que ele, solteirão, casou com uma prima. (A gente, na minha família, casava preferencialmente com primos. Dos dez da Califórnia, metade casou com primo ou prima.)

Até à morte de Dona Rachel, a Califórnia era mesmo o centro do nosso mundo. Era lá que nós os netos passávamos as férias, nas danças ao som de piano ou gramofone, cavalgatas, novenas, namoros.

Morta a avó, ficou de dono o caçula; nos anos em que lá esteve, se não fez melhoramentos, pelo menos não deixou que nada arruinasse. Mas aí ele morreu (já viúvo) e a consanguinidade tinha atacado os herdeiros, jovens e irresponsáveis. Fazendeiro nordestino tem terras e senhoria, mas dinheiro vê muito pouco. E os órfãos queriam ver dinheiro na mão. Começaram vendendo cabras e ovelhas, depois passaram ao gado. Venderam o engenho, o locomóvel, o alambique.

E, parte a parte, foram vendendo afinal a terra da Califórnia – e por tutameia*. A família não se envolveu – os moços faziam tudo às ocultas, “tinham cisma de parentes”. Quando se viu, acabavam de vender até a casa-grande que, aliás, está caindo em ruínas.

Agora surgiu um problema que já deu até crime de morte. Acontece que os velhos moradores, descendentes da indiada e da escravaria do tempo de meu tio Miguel, sempre moraram na rua e plantaram nas croas do rio. Roçados que passam de pais a filhos há mais de século. A rua fica no Patrimônio, isto é, à terra do santo. Como é sabido, quem constrói igreja rural, tem que doar ao orago um patrimônio em terras que lhe sustente os serviços do culto. O velho Miguel demarcou para esse fim um retângulo generoso, que vai da “rua” ao cemitério e desce em procura do rio por mais de 1 quilômetro. Na degringolada os herdeiros deixaram que caducasse o aforamento perpétuo com que o velho garantira a posse efetiva do terreno: o Patrimônio reverteu à Cúria de Quixadá, que o administra. E os padres, por sua vez, passaram a lotear o Patrimônio. A velha rua se “urbaniza”, desfigurada em arruado, pululante de bodegas e biroscas. Mas o pessoal antigo que ainda mora lá quer continuar plantando nos seus velhos roçados que hoje pertencem a novos donos, diversos. Os donos novos querem reaver a terra; a disputa se envenena e, como já se disse, deu até crime de morte.

Na Califórnia, que já foi um condado, só existe hoje miséria e rixa.

A casa-grande assiste a tudo e protesta se desmoronando. No inverno passado caiu a queijaria de minha avó. Antes, ruíra o terraço empedrado. De longe a “fazenda” ainda faz figura, mas de perto está morrendo.

* Tutameia (éia) = Mixaria.

(Esta crônica foi publicada, com pequenas mudanças, no livro TANTOS ANOS, de Rachel de Queiróz e sua irmã Maria Luísa de Queiróz.)







O DISTRITO DE CALIFÓRNIA, EM QUIXADÁ

Por Maria Marta Cruz
(mariamartacruz.blogspot.com)




Surgiu como Fazenda Califórnia, que desenvolveu-se sendo a melhor da região e ao seu redor nasceu um pequeno povoado formado por casas de escravos e pessoas das imediações que criaram núcleos e ergueram uma capela dedicada a São Francisco de Assis, atualmente denominada de São Francisco da Califórnia.

Com cerca de 2.000 habitantes, na linda praça do do distrito acontece o Festival do Milho, as festas em louvor a São Francisco, padroeiro do distrito, os eventos da Igreja Católica e evangélicos, estes organizados pelos templos da Assembléia de Deus Bela Vista e Assembléia de Deus Templo Central, noites culturais e feiras com produtos da agricultura familiar. E a bola rola com as partidas de futebol entre os times São Paulo e Vila Nova Futebol Clube, no Campo de Futebol da localidade, sendo uma das grandes diversões dos jovens .

O belo rio Choró corta o distrito, sendo ele uma das principais fontes de abastecimento hídrico, além de existir um grande açude, que de tão belo tornou-se ponto de encontro e visitação pública. Há no distrito uma área de assentamento do INCRA.

Visitei a localidade quando fui participar do matrimônio dos amigos Valmir e Leide, sendo acompanhada das amigas FranCelebridade, Leidinha e Tatiana Alves, a bela filha da localidade, irmã da noiva e membro de tradicional família local.

Sob a sombra de um centenário Juazeiro, fiz pose com alguns membros da numerosa família Alves. Lá existe realmente “A Casa das Sete Mulheres”: são as belas irmãs Angélica, Maria do Carmo, Ticiana, Tatiana, Leide, Daniele e Daiane.



segunda-feira, 9 de julho de 2018

COSTUMES SERTANEJOS



TEMPO DE FARINHADA
(trechos)

Texto e fotos: Pedro Paulo Paulino (Jornal FOLHA DO POVO)



Prática tradicional no sertão, mas quase já extinta, a farinhada artesanal torna-se a cada ano um acontecimento raro. Exceto na comunidade de Paudarcal, zona rural de Madalena, Ceará, onde há 40 anos uma família sustenta o costume de fazer farinhada por esta época.
O agricultor Gerardo Gomes da Silva, cujo nome de guerra é Gerardo Muquila, é quem capitaneia mais uma edição da farinhada em sua propriedade, tradição que vem de seu pai. A casa de farinha fica na beira da rodagem, próximo à moradia. Debaixo do galpão, somam-se em média dez pessoas, homens e mulheres, nas diversas etapas para produção de farinha e goma.



De moderno, apenas o motor elétrico e a máquina que agora substituem a antiga roda de pau para o corte da mandioca. O resto é feio a mão, da raspagem, passando pela lavagem, peneira, prensa, até chegar ao forno de lenha, com cerca de quatro metros de diâmetro, onde a massa processada vira farinha. De carona, são fabricados os saborosos beiju e tapioca de forno.  (...)

O jornalista Pedro Paulo Paulino informa que essa matéria sairá completa na edição de julho do jornal Folha do Povo.

PPP




CARIRI CANGAÇO

Adiado o CARIRI CANGAÇO de Paulo Afonso-BA NOTA OFICIAL Diante do atual quadro de Pandemia do Covid-19 que assola nossa Naçã...

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