quarta-feira, 31 de julho de 2019

EXU, A TERRA DE 'SEU' LUIZ



CONHEÇA EXU, A TERRA DE LUIZ GONZAGA

Trechos de uma Reportagem de Antônio Rodrigues para o 
Caderno VERSO, do jornal DIÁRIO DO NORDESTE

Do lado pernambucano da Chapada do Araripe, vizinho ao Crato, no Ceará, formou-se esse pequeno município de 31 mil habitantes. Com mais da metade da população morando na zona rural, a economia local se dá, principalmente, pela agricultura e pecuária. Contudo, a terra onde também nasceu Bárbara de Alencar, a heroína da Revolução Pernambucana, consegue viver na sombra do sanfoneiro. "Posto Gonzagão", "Farmácia Aza Branca", "Rua Assum Preto". Por todos os lados, há referências ao homem que popularizou o xote e o baião. O único lugar em que encontro tantas citações a um só personagem é a minha terra, Juazeiro do Norte, e sua devoção quase "onipresente" ao Padre Cícero.

Quase sempre - eu segui este roteiro - a visita começa pelo Parque Aza Branca - propositalmente escrito com 'Z' de LuiZ e de GonZaga - , onde o "Rei do Baião" ergueu sua fazenda, às margens do Açude Itamaragi. Lá, ficam o Museu do Gonzagão, sua casa, a casa onde o pai dele, Januário, passou os últimos dias e o mausoléu no qual o artista está sepultado. Cerca de 20 mil pessoas visitam o local por ano.


Mausoléu onde o Rei do Baião está sepultado no Parque Aza Branca
FOTO; ANTÔNIO RODRIGUES | ACERVO PESSOAL

O Museu do Gonzagão, idealizado quando o "Rei do Baião" ainda era vivo, reúne objetos pessoais, certificados, títulos, medalhas, troféus e prêmios que recebeu ao longo da carreira. Além disso, possui sanfonas que o acompanharam em momentos marcantes, como a visita do Papa João Paulo II, em Fortaleza, em 1980, e o último instrumento que empunhou antes de morrer.



Peças do acervo do museu no Parque Aza Branca
FOTO: ANTÔNIO RODRIGUES

"Minha sanfona, minha voz, o meu baião, este meu chapéu de couro e também o meu gibão, vou juntar tudo, dar de presente ao museu", e como prometeu na música "A Hora do Adeus", tudo isso está lá. Por um pedido do filho Gonzaguinha é proibido fotografar o espaço.

A poucos passos dali, chegamos a sua casa, que ainda reúne outros objetos pessoais, como louças, porta-retratos, cama, guarda-roupas. Bem próximo, Gonzaga construiu uma pousada para receber amigos e artistas. Do outro lado, está a residência que ergueu para seu pai, Januário, quando deixou de morar no distrito de Araripe, para ficar na sede de Exu. Lá, também há peças como a cadeira de rodas que o mestre dos oito baixos usou antes de morrer. No mausoléu, está sepultado ao lado da esposa, Helena Cavalcante, do pai, Januário dos Santos, da mãe, Ana Batista de Jesus, dona Santana, e do irmão, o instrumentista Severino Januário. O espaço foi idealizado por Gonzaguinha (1945-1991).

Mais à frente, uma réplica da "Casa de Reboco", como cantou, chama atenção dos turistas e é alvo de fotografias. Se você tiver sorte, como aconteceu comigo, lá conversei com o cantor instrumentista Joquinha Gonzaga, sobrinho de Gonzagão e que, desde 1975 até os últimos dias de vida do "Rei do Baião", o acompanhou tocando nos shows. "Eu ando muito na aba do meu tio assim como muitos andam. Ele é uma referência", define. "Então vou por aí, por esse mundo, vou usando essa herança do meu tio e do vovô", gravou para definir esse DNA da música na família.

"Todo artista que se lança, principalmente daqui do Nordeste, pensa em Luiz Gonzaga. É como se ele não tivesse morrido. Me orgulho muito, porque participei da história dele. Não imaginava que ele seria essa potência, essa 'empresa'. Ele emprega muita gente, fazendo camisa, chapéu de couro, gibão, outros cantando, tocando sanfona. Até aqueles que imitam ele ganham dinheiro", diz Joquinha, demonstrando como a economia de Exu, aos poucos, referencia-se no músico.



Casa onde morou Januário


Joquinha Gonzaga, sobrinho do Rei do Baião


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