quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

MAIS UM TALENTO QUE PARTE



Forró em Luto: 
Morre Dejinha de Monteiro aos 67 anos

O cantor e compositor paraibano Dejinha de Monteiro faleceu na manhã deste domingo (22), em João Pessoa. Geneci Bispo Lourenço, nome de batismo do sanfoneiro, tratava de um câncer no intestino.

É melhor que seja agora, um dos sucessos do grande sanfoneiro de Monteiro




Em novembro Dejinha passou por uma cirurgia, da qual ainda se recuperava. 
A família confirmou a morte nas redes sociais.


UM POUCO DA HISTÓRIA DO GRANDE SANFONEIRO

Dejinha nasceu em 1952 na cidade de Monteiro, na Região do Cariri paraibano. Era um dos 13 filhos de uma família de agricultores. Seu primeiro instrumento foi um pandeiro e recebeu todo o apoio e incentivo dos parentes para atuar na vida artística. Mas foi na adolescência que deu um passo mais significativo, definindo seus rumos na música: ganhou do irmão mais velho uma sanfona, trazida de Brasília como presente.

Contudo, a vida como sanfoneiro era difícil e seu pai preferia que ele continuasse se dedicando à agricultura, que lhes conferia uma renda fixa para sustento da família. O jovem, por sua vez, não desistiu do sonho. Aventurou-se pelo mundo, mostrando o seu trabalho e a cultura nordestina.
As primeiras apresentações aconteceram nos sítios da região. Dejinha acompanhava um sanfoneiro com o seu pandeiro e, entre os shows, usava o instrumento do amigo para repetir os acordes e aprendê-los. O início da sua carreira profissional começou com as viagens pelo país em busca de conquistar um espaço como cantor regional e divulgar as suas canções, os ritmos que nasceram do Nordeste: o xote, o xaxado, o baião, o coco-de-roda ou coco-de-embolada.
O primeiro destino de Dejinha foi Brasília, onde permaneceu por dez meses. Depois, viajou para o Rio de Janeiro, onde viveu por 12 anos, divulgando o seu trabalho como cantor e compositor nas rádios locais. Participou de programas da Rádio Globo, Rádio Nacional e Rádio Federal de Niterói (RJ). Nesse período fez amizades com o Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Marinês, Messias Holanda e Elino Julião. Ainda no Rio de Janeiro, chegou a tocar na mesma casa de shows em que o Trio Nordestino se apresentava no seu auge da carreira.
O nome artístico nasceu no período em que ainda estava no Rio de Janeiro. O apelido Dejinha foi dado por sua avó, já o “de Monteiro” o cantor acrescentou com o objetivo de levar no seu nome a cidade que representava as suas origens.
No estado de Goiás, em 1966, Dejinha participou de uma campanha política, tocando por 70 noites na capital, Goiânia. Nessa época, os artistas mais comentados no estado eram de outras regiões do país, como Elba Ramalho e Zé Ramalho.
Foi em Goiás que o paraibano conheceu o cantor Amado Batista, que, na época, tinha uma loja de discos e há pouco havia gravado o seu primeiro compacto. Em Goiás, Dejinha tocava o tradicional forró pé-de-serra na casa de shows Rancho da Alegria, que sempre lotava nas suas apresentações, caracterizadas pelo estilo do forró tradicional, enfatizando histórias românticas nas letras das suas melodias.
Além das suas músicas, o monteirense cantava os sucessos do cantor Luiz Gonzaga, porém com uma nova roupagem, acrescentando novos arranjos musicais para deixar o ritmo mais animado.
Em 1989, Dejinha produziu e lançou o seu primeiro LP. Nos dois anos seguintes, com o surgimento das bandas de forró, não realizou outras gravações. Porém chegou a participar do ‘Programa do Bolinha’, da TV Bandeirantes, e produziu o primeiro CD da Banda Magníficos.
Foram 40 anos de estrada, sendo 27 vividos profissionalmente, com quatro LPs, 26 CDs, um DVD e mais de 350 músicas registradas. Entre as músicas criadas pelo cantor, ‘Amor e saudade’ é uma das mais pedidas pelo público durante os shows.
O monteirense firmou grandes parcerias ao longo do seu trabalho com Flávio José, conterrâneo da cidade Monteiro, Jorge de Altinho, Chico César, Santanna, entre outros que também divulgam em suas músicas a cultural regional. Em 2008, o cantor foi homenageado com o troféu “Asa Branca” pelo Forró Fest, evento realizado pelas TVs Cabo Branco e Paraíba. Nesse ano os homenegeanos foram Sivuca, Marinês, Zabé da Loca e o próprio Dejinha.

Redação com Diário da PB


sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

EXPERIÊNCIA DAS PEDRAS DE SAL



'Pedras de Sal' são usadas na véspera do dia de SANTA LUZIA (13 de dezembro) para prever o tempo no sertão


Pedras são usadas na virada para saber se ano novo será chuvoso ou não.

Do G1 RN

Os longos períodos de estiagem no sertão nordestino e a fé característica de seu povo fizeram surgir experiências que se tornaram crenças populares. Através de uma delas, no município potiguar de Governador Dix-Sept Rosado, a 320 quilômetros de Natal, a sabedoria popular diz que é possível saber se o ano que se aproxima será chuvoso ou de seca. Lá, as 'Pedras de Sal de Santa Luzia' são usadas às vésperas do ano novo como previsão do tempo.
Aos 88 anos, dona Mariquinha, aposentada, é conhecida na cidade por manter os costumes que aprendeu com a avó. Todos os anos, entre a noite do dia 12 e a madrugada do dia 13 de dezembro, ela usa um pedaço de giz para marcar em uma tábua os seis primeiros meses do ano. Em seguida, coloca uma pedra de sal em cima de cada marca. A tábua com as pedras é colocada sobre a cisterna da casa e, antes do nascer do sol, Mariquinha retorna para verificar o resultado. Caso a pedra posta sobre o mês de janeiro derreta e escorra até a área demarcada para fevereiro, o ano será chuvoso nesses primeiros meses, e assim sucessivamente.



A treze do mês

ele faz experiência
perdeu sua crença
nas pedras de sal...
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
pensando na barra
do alegre NATAL. 

(Patativa do Assaré)


EXPERIÊNCIA É ANTIGA E VEM SENDO DOCUMENTADA PELA LITERATURA NORDESTINA

Na obra "A Terra e o Homem no Nordeste", o geógrafo Manuel Correia de Andrade apresenta um minucioso relato do que podemos considerar uma cronologia das práticas do sertanejo neste aspecto:

“Assim, preocupando-se com uma possível seca, o sertanejo está sempre às voltas com as ‘experiências’ e prognósticos sobre a possibilidade de chuvas nos anos que virão. Para estas ‘experiências’ o dia de Santa Luzia (13 de dezembro) é o mais importante, uma vez que o toma como ponto de referência para o mês de janeiro do ano seguinte e os dias que se seguem correspondem aos outros meses (assim o dia 14 é fevereiro, 15 é março, 16 é abril e assim por diante até o dia 24 que corresponde ao mês de dezembro). No dia em que chover, o mês correspondente será de chuva e naquele em que não chover, o mês correspondente será seco.
Outra experiência consiste em colocar-se seis pedras de sal, representando os seis primeiros meses do ano (vindouro) sobre um plano, no ‘sereno’, na noite de Santa Luzia. Pela manhã, a pedra que mais estiver dissolvida representa o mês mais chuvoso do ano que se segue. Se essas experiências derem resultados negativos, o sertanejo, apreensivo, começa a pensar nos horrores da seca e na possível necessidade de retirada.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Manuel Bandeira e Quixeramobim



SAUDADES DE QUIXERAMOBIM

Manuel Bandeira*

O cabeçalho desta crônica mais parece título de alguma valsinha. Aliás, se eu tivesse bossa para a música, gostaria de compor três valsinhas – Saudades de campanha, Saudades de Teresópolis e Saudades de Quixeramobim. Poria num chinelo a Antógenes Silva com as suas Saudades de Ouro Preto e Saudades de Uberaba, essas duas delícias.

Creio que as saudades de Quixeramobim não são as que mais doem. Como me doem as de Paris. Porque a verdade é que não estive em Paris: estive durante três dias num quarto de hotel na Rua Balzac. Do mesmo modo, não estive em Quixeramobim: estive durante uns meses num sobradão da praça principal da cidade, em frente à velha matriz, e se estou batendo esta crônica de saudade é porque vi n’O Cruzeiro** de umas semanas atrás uma fotografia do templo, não como é agora, desfigurado pela restauração, mas como era ainda em 1908.


Os dois veteranos pardieiros, a igreja e o meu sobrado, pareciam as duas personagens de um apólogo dialogal. Dois fantasmas. A casa dava fundos para o rio, de sorte que, logo que eu cheguei, fui à janela ver o rio. Foi uma grande lição de geografias: não havia rio nenhum: O Quixeramobim estava seco, seco; o que eu vi foi um areal, branco como uma praia, sobre o qual se arqueava a enorme ponte de estrada de ferro. E nesse areal várias cacimbas. O sobrado, que tinha um ar de mal-assombrado, era de tantas e tão espaçosas peças, que a matuta que levei para lá como cozinheira se perdia nele e um dia me disse, atarantada, que não sabia navegar naquela casa, não!

Eu vivia encantoado na sala da frente, que de um oitão a outro, com várias sacadas para o largo, mobiliada (atenção, revisor: não ponha “mobilada”, que é uma palavra que eu detesto!) com uma cama-de-vento, uma cadeira e um lavatoriozinho de ferro.

De vez em quando morria um cidadão de Quixeramobim e o sino grande da matriz entrava a dobrar. Era formidável. Sino de Quixeramobim, baterás por mim? Dizia eu comigo pressagamente. Quantas vezes, a horas diversas, chegava eu a uma das sacadas de frente e ficava a olhar a velha igreja! Onde nunca entrei e hoje tenho pena. Tudo isso virou saudade e sinto grandemente não ter bossa para escrever a valsinha que a exprimisse bem no estilo amolescente de Antenógenes Silva.


* A crônica Saudades de Quixeramobim, de Manuel Bandeira( 1886/1968), escrita em 1956, faz parte da coletânea de crônicas do autor pernambucano publicada, em 1957, no livro Flauta de Papel – Coleção Cronistas do Brasil. O grande poeta brasileiro relembra os dias em que esteve na cidade cearense (também passou curta temporada em Maranguape e Uruquê), em 1908, em busca de clima apropriado para tratar de tuberculose, doença que o atormentou até a morte.

(Eliézer Rodrigues, revista Singular)



** Abaixo, veja fac-símile das páginas da revista O CRUZEIRO, onde o cearense Gustavo Barroso escreveu um belo artigo sobre a vetusta matriz de Quixeramobim.







CARIRI CANGAÇO

Adiado o CARIRI CANGAÇO de Paulo Afonso-BA NOTA OFICIAL Diante do atual quadro de Pandemia do Covid-19 que assola nossa Naçã...

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