Forró em Luto:
Morre Dejinha de
Monteiro aos 67 anos
O cantor e compositor
paraibano Dejinha de Monteiro faleceu na manhã deste domingo (22), em João
Pessoa. Geneci Bispo Lourenço, nome de batismo do sanfoneiro, tratava de um
câncer no intestino.
É melhor que seja agora, um dos sucessos do grande sanfoneiro de Monteiro
É melhor que seja agora, um dos sucessos do grande sanfoneiro de Monteiro
Em novembro Dejinha passou por uma cirurgia, da qual ainda se
recuperava.
A família confirmou a morte nas redes sociais.
A família confirmou a morte nas redes sociais.
UM POUCO DA HISTÓRIA DO GRANDE SANFONEIRO
Dejinha nasceu em 1952 na cidade de Monteiro, na Região do
Cariri paraibano. Era um dos 13 filhos de uma família de agricultores. Seu
primeiro instrumento foi um pandeiro e recebeu todo o apoio e incentivo dos
parentes para atuar na vida artística. Mas foi na adolescência que deu um passo
mais significativo, definindo seus rumos na música: ganhou do irmão mais velho
uma sanfona, trazida de Brasília como presente.
Contudo, a vida como sanfoneiro era difícil e seu pai
preferia que ele continuasse se dedicando à agricultura, que lhes conferia uma
renda fixa para sustento da família. O jovem, por sua vez, não desistiu do
sonho. Aventurou-se pelo mundo, mostrando o seu trabalho e a cultura nordestina.
As primeiras apresentações aconteceram nos sítios da região.
Dejinha acompanhava um sanfoneiro com o seu pandeiro e, entre os shows, usava o
instrumento do amigo para repetir os acordes e aprendê-los. O início da sua
carreira profissional começou com as viagens pelo país em busca de conquistar
um espaço como cantor regional e divulgar as suas canções, os ritmos que
nasceram do Nordeste: o xote, o xaxado, o baião, o coco-de-roda ou
coco-de-embolada.
O primeiro destino de Dejinha foi Brasília, onde permaneceu
por dez meses. Depois, viajou para o Rio de Janeiro, onde viveu por 12 anos,
divulgando o seu trabalho como cantor e compositor nas rádios locais.
Participou de programas da Rádio Globo, Rádio Nacional e Rádio Federal de
Niterói (RJ). Nesse período fez amizades com o Trio Nordestino, Jackson do
Pandeiro, Luiz Gonzaga, Marinês, Messias Holanda e Elino Julião. Ainda no Rio
de Janeiro, chegou a tocar na mesma casa de shows em que o Trio Nordestino se apresentava
no seu auge da carreira.
O nome artístico nasceu no período em que ainda estava no Rio
de Janeiro. O apelido Dejinha foi dado por sua avó, já o “de Monteiro” o cantor
acrescentou com o objetivo de levar no seu nome a cidade que representava as
suas origens.
No estado de Goiás, em 1966, Dejinha participou de uma
campanha política, tocando por 70 noites na capital, Goiânia. Nessa época, os
artistas mais comentados no estado eram de outras regiões do país, como Elba
Ramalho e Zé Ramalho.
Foi em Goiás que o paraibano conheceu o cantor Amado Batista,
que, na época, tinha uma loja de discos e há pouco havia gravado o seu primeiro
compacto. Em Goiás, Dejinha tocava o tradicional forró pé-de-serra na casa de
shows Rancho da Alegria, que sempre lotava nas suas apresentações,
caracterizadas pelo estilo do forró tradicional, enfatizando histórias
românticas nas letras das suas melodias.
Além das suas músicas, o monteirense cantava os sucessos do
cantor Luiz Gonzaga, porém com uma nova roupagem, acrescentando novos arranjos
musicais para deixar o ritmo mais animado.
Em 1989, Dejinha produziu e lançou o seu primeiro LP. Nos
dois anos seguintes, com o surgimento das bandas de forró, não realizou outras
gravações. Porém chegou a participar do ‘Programa do Bolinha’, da TV
Bandeirantes, e produziu o primeiro CD da Banda Magníficos.
Foram 40 anos de estrada, sendo 27 vividos profissionalmente,
com quatro LPs, 26 CDs, um DVD e mais de 350 músicas registradas. Entre as
músicas criadas pelo cantor, ‘Amor e saudade’ é uma das mais pedidas pelo
público durante os shows.
O monteirense firmou grandes parcerias ao longo do seu
trabalho com Flávio José, conterrâneo da cidade Monteiro, Jorge de Altinho,
Chico César, Santanna, entre outros que também divulgam em suas músicas a
cultural regional. Em 2008, o cantor foi homenageado com o troféu “Asa Branca”
pelo Forró Fest, evento realizado pelas TVs Cabo Branco e Paraíba. Nesse ano os
homenegeanos foram Sivuca, Marinês, Zabé da Loca e o próprio Dejinha.
Redação com Diário da PB