'Pedras de Sal' são usadas na véspera
do dia de SANTA LUZIA (13 de dezembro) para prever o tempo no sertão
Pedras são usadas na
virada para saber se ano novo será chuvoso ou não.
Do G1 RN
Os longos períodos de estiagem no sertão nordestino e a fé
característica de seu povo fizeram surgir experiências que se tornaram crenças
populares. Através de uma delas, no município potiguar de Governador Dix-Sept
Rosado, a 320 quilômetros de Natal, a sabedoria popular diz que é possível
saber se o ano que se aproxima será chuvoso ou de seca. Lá, as 'Pedras de Sal
de Santa Luzia' são usadas às vésperas do ano novo como previsão do tempo.
Aos 88 anos, dona Mariquinha, aposentada, é conhecida na
cidade por manter os costumes que aprendeu com a avó. Todos os anos, entre a
noite do dia 12 e a madrugada do dia 13 de dezembro, ela usa um pedaço de giz
para marcar em uma tábua os seis primeiros meses do ano. Em seguida, coloca uma
pedra de sal em cima de cada marca. A tábua com as pedras é colocada sobre a
cisterna da casa e, antes do nascer do sol, Mariquinha retorna para verificar o
resultado. Caso a pedra posta sobre o mês de janeiro derreta e escorra até a
área demarcada para fevereiro, o ano será chuvoso nesses primeiros meses, e
assim sucessivamente.
A treze do mês
ele faz experiência
perdeu sua crença
nas pedras de sal...
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
pensando na barra
do alegre NATAL.
(Patativa do Assaré)
EXPERIÊNCIA É ANTIGA E VEM SENDO
DOCUMENTADA PELA LITERATURA NORDESTINA
Na obra "A Terra e o Homem no Nordeste", o geógrafo
Manuel Correia de Andrade apresenta um minucioso relato do que podemos considerar
uma cronologia das práticas do sertanejo neste aspecto:
“Assim, preocupando-se com uma possível seca, o sertanejo
está sempre às voltas com as ‘experiências’ e prognósticos sobre a
possibilidade de chuvas nos anos que virão. Para estas ‘experiências’ o dia de
Santa Luzia (13 de dezembro) é o mais importante, uma vez que o toma como ponto
de referência para o mês de janeiro do ano seguinte e os dias que se seguem
correspondem aos outros meses (assim o dia 14 é fevereiro, 15 é março, 16 é
abril e assim por diante até o dia 24 que corresponde ao mês de dezembro). No
dia em que chover, o mês correspondente será de chuva e naquele em que não
chover, o mês correspondente será seco.
Outra experiência consiste em colocar-se seis pedras de sal,
representando os seis primeiros meses do ano (vindouro) sobre um plano, no
‘sereno’, na noite de Santa Luzia. Pela manhã, a pedra que mais estiver
dissolvida representa o mês mais chuvoso do ano que se segue. Se essas
experiências derem resultados negativos, o sertanejo, apreensivo, começa a
pensar nos horrores da seca e na possível necessidade de retirada.
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