domingo, 13 de maio de 2018

RESENHA



Prof. Miguel Leocádio Araújo (UECE) – avalia o livro Sertão: poetas e prosadores, de Bruno Paulino

Bruno Paulino foi meu aluno no Curso de Letras da FECLESC, campus da UECE em Quixadá, não sei direito quando, talvez em 2010 ou 2011. Na época, ele pretendia estudar algo relacionado ao romance “Dona Guidinha do Poço”, de Oliveira Paiva, e sua relação com o sertão de Quixeramobim. Depois Bruno formou-se, publicou dois livros e nos reencontramos em lançamento de livros de amigos e conhecidos ou casualmente pelos supermercados da vida. Ele comentou, num desses encontros, que estava finalizando um livro sobre poetas do sertão. Algum tempo depois, lá estava o livro no meu escaninho da universidade, com uma dedicatória. Comecei a lê-lo, mas demorei a terminar, por conta de um monte de coisas que aparecem pra fazer. Mas terminei.

São vários textos de gênero um pouco indefinido – entre o perfil biográfico, as reminiscências, o comentário e as notas de leitura, passando por algumas entrevistas. O que os liga é o fato de quase todos tratarem de escritores de algum modo ligados ao sertão – ou por seu nascimento ou por ali passarem ou viverem. É interessante como registro e como introdução a alguns escritores que, de outro modo, não conheceríamos, pois poucos dos nomes comentados no livro são frequentemente mencionados no jornalismo especializado. Além disso, textos sobre esses escritores são de publicação bastante difusa, aparecendo em diferentes veículos, principalmente os virtuais. Dessa forma, encontrar um número razoável de poetas e prosadores num mesmo livro é prático para quem pretende conhecer literatura produzida por cearenses.


Bruno Paulino, escritor Quixeramobinense

Outra característica do livro é o fato de que a maioria dos autores comentados não são os mais conhecidos. Bruno dá preferência a escritores que, embora estabelecidos como tal, não são aqueles hegemônicos do ponto de vista da circulação de sua obra nos meios jornalísticos, acadêmicos e literários. Alguns desses escritores são cordelistas – ou poetas populares, como ficaram conhecidos. Muitos deles Bruno Paulino conheceu pessoalmente e relata a interação ocorrida. Algumas vezes, aspectos de uma obra são comentados e relacionados às vivências do escritor em questão. Numa linguagem simples – e muitas vezes elogiosa aos autores cujo perfil é elaborado – o livro faz uma espécie de memória desses poetas e prosadores do sertão cearense.

O que senti falta: escritoras e experiências de escrita mais contemporâneas no sentido da linguagem e dos suportes. Mas, óbvio, que as escolhas de Bruno têm muito a ver com suas preferências e suas interações; e sua escrita é resultado dessas preferências.

PAULINO, Bruno. Sertão: poetas e prosadores. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2016.

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